Descendo pela Espiral

Houve um tempo em que você podia se reunir com amigos, familiares e até estranhos e falar sobre os mais diversos assuntos.

Havia momentos de discussão, risadas e pausas silenciosas. Ninguém queria “ganhar” a discussão, a não ser por zoeira. Não havia ofensas. ninguém gritava, apontava o dedo na cara do outro ou ofendia seu interlocutor.

Era um tempo bom. E eu sinto muita falta disso…

Me lembro de incontáveis noites que virei com meus amigos e amigas falando dos mais diversos assuntos, com pontos de vista diametralmente opostos, com correntes de pensamento conflitantes, e estava tudo bem.

Hoje? É um saco!

Hoje eu não consigo falar na maioria dos lugares que gostei de [insira algo], porque a) eu sou um vendido que só assiste/lê/ouve cultura tal; b) eu só assisto isso porque é modinha; c) ain, o livro é muito melhor e o seriado tcheco de 1983 que não foi lançado no ocidente dá de dez a zero.

ITEM A) Não posso citar o pensamento ou obra de uma pessoa, que já sou tachado de: (i) algum tipo de `ista`; (ii) ser de esquerda, direita ou diagonaley; (iii) preconceituoso, liberal, retrógrado, ou o termo da semana que é palavrão para aquele grupo do qual a pessoa se filiou naquela quinzena.

Então hoje eu estou na espiral do silêncio. Ė um termo que significa (pelo menos é o que eu entendi) que você se cala, não expressa mais suas opiniões, porque está cansado, ou com medo das reações das pessoas ao seu redor. Você simplesmente abre não de participar de discussões, de dar sua opinião.

Assim, se em todo lugar que você vai e faz seus discursos do seu ponto de vista e ninguém te contradiz, pode ser que você não seja o gênio que pensa que é. Talvez o seu lado não esteja tão certo assim. Pode ser apenas que as pessoas ao seu redor nem querem mais falar com você, elas não aguentam sua chatice, sua agressividade, sua falta de respeito.

Ah, e só andar com pessoas que pensam igual a você também é ruim. Mentes que pensam igual erram juntas.

Também descobri que o mal do mundo sou eu. Verdade? Verdade verdadeira, sabe por que? porque sou branco, homem e heterossexual.

Além de muitas postagens na internet, eu ainda ouvi isso em dois cursos do meu empregador, o/a palestrante dizendo que a culpa do mundo moderno é do “homem branco e heterossexual”. ah, peralá, nomeie quem fez isso, não joga a porcaria da culpa em mim.

Eu não me lembro de ter feito mal ao mundo, eu sempre estive ocupado demais trabalhando e estudando. Sim, porque eu trabalho com carteira assinada desde os 13 anos de idade, aprendi inglês graças à minha mãe que era empregada doméstica ralou para pagar essas aulas quando eu era criança. Entrei para uma faculdade que eu paguei por eu ter pago um cursinho já que o ensino da escola pública era horrível. Passei num concurso publico porque fiquei anos estudando de segunda a segunda. Eu não posso te feito mal ao mundo porque estava estudando e trabalhando.

E sabe o que é mais legal? se eu falar isso em voz alta vou ter que ouvir as coisas do ITEM A acima. divertidíssimo ouvir e ler que o que eu sou e quase um palavrão.

Isso me traz ao conceito de liberdade atual: as pessoas, independentemente de suas ideologias, a maioria, só quer liberdade para ser como o grupo delas é. Isso e tão errado. Devemos lutar para a liberdade ser para todos!

Liberdade para sair pelado na rua ou usar uma burka.

Liberdade para ser do gênero que se identifica, ou não ter genero, mas também liberdade para seguir a sua biologia.

Liberdade para ser de esquerda, direita, centro ou ignorar tudo isso e tudo bem.

Liberdade para não ser rotulado: não é porque citei Marx que sou comunista, não é porque citei Olavo que sou bolsonarista, não é porque me divirto com batalha de rap que sou a favor da Russia.

Cada ser humano é único e maravilhoso. cheio de complexidades e opiniões. dêem-nos liberdade para que possamos conversar de forma saudável.

Sem ódio, com respeito.

Sem humilhar, com compaixão.

Sem separação, com União

No olho por olho, dente por dente, acabaremos todos banguelas, cegos e vamos morrer sozinhos abraçados em nossas “certezas”.

Desejar e celebrar a morte do outro não faz do mundo um lugar melhor. Conversar educadamente, talvez.

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O que eu aprendi com futebol.

Quando eu estava em algum ano do ginásio, no Sesi de Jacareí, eu me lembro de torcer para um time “x” porque meu padrinho torcia para esse time. Não é escolha, a gente só segue a onda.

Mas eu logo notei um padrão: se o time de fulano ganhava, ele chegava na escola todo feliz, zoando e azucrinando o pessoal que gostava torcia por outros times.

Mas se o time dele perdia, no dia seguinte não se podia brincar ou falar do jogo. Por aquele carinha se sentia no direito de bater ou xingar os coleguinhas.

Com o tempo eu notei esse padrão e futebol perdeu o gosto para mim. Lembro que houve uma época que até joguei futebol de salão. Dinheiro que minha mãezinha gastou à toa. Não me lembro de me esforçar muito.

E com o tempo cada vez fui gostando menos de futebol. Durante anos eu até assistia aos jogos do Brasil na copa. Acho que a última vez foi na casa da Melissa quando eu e a Wan fomos visitar ela.

Eu não entendo a paixão que algumas pessoas tem por esse esporte. Os gritos, a barulheira, as brigas. Não consigo perceber a diversão. Só o caos e que algumas vezes tristes acaba em violência.

Entendo que para muitas pessoas é bem legal, mas não para mim.

E você, gosta de futebol, do soccer?

Coração Duro

Por que quando tento fazer o certo eu deixo meu coração duro? e a partir daí eu sou mal educado com as pessoas?

Poderia dar a desculpa de criação, convivência com outras pessoas, mas eu sei que não é isso.

Eu fico cego por fazer o certo e esqueço que o certo é ter amor ao próximo e ser gentil com as pessoas.

Tenho que melhorar. Tenho que ter o desejo de melhorar a minha interação com outros.

Às vezes eu resolvo o problema, mas aquela pessoa nunca mais volta a falar comigo a não ser que seja extremamente necessário.

Resolvi um problema e causei outro. Deixei o mundo um lugar pior.