Há alguns dias terminei a primeira temporada de Demon Slayer, um anime interessante sobre um jovem que após certos eventos horríveis é escolhido para ser treinado e se tornar um matador de demônios.
O anime ou animê me cativou quando mostrou o quão trabalhoso e exaustivo e sério foi o treinamento do personagem. Não foram 30 minutos de abdominais e flexões e fazer alguns katás ao som de um rock anos 80.
Acredito que tenha sido o treinamento mais longo que já vi em qualquer mídia, salvo o treinamento da meia-elfo Nihal em “Cronicas do Mundo Emerso”.
Gosto também como o personagem não usa desculpas, eu entendi que ele não busca vingança, mas sim a salvação de um ente querido. Ele não é um ser descerebrado e violento causando um rastro de destruição. Ele quer fazer do mundo um lugar melhor e está trabalhando para isso. Sem perder o amor ou a compaixão. Ele assume seu papel de irmão mais velho e abraça as responsabilidades impostas pela vida. Ele cuida, nutre e ouve.
Não sei se há um esteriótipo para esse tipo de personagem na cultura japonesa, mas eu gosto: é o guerreiro bondoso que tem esperança e é até um pouco ingênuo, sem ser como um paladino ou caricato. Por que queremos ser durões e malvadões? Por que não podemos ser como Tanjiro? Eficientes e de bom coração? Porque é mais fácil atacar, ofender e humilhar.
Se o treinamento dele me cativou pela memória afetiva da minha adolescência onde treinei artes marciais. O momento em que o anime ganhou meu coração foi quando mostra o respeito e compaixão que ele tem por alguns inimigos. Ele morreu, não tem porque pisar, xingar ou rir. Os demônios (no desenho) já foram humanos. Já tiveram sonhos, desilusões e famílias. Sim, eles fizeram coisas horríveis, fizeram péssimas escolhas, mas todos merecem respeito depois da morte. Acabou. Aquele mal (seja ele real ou divergente da sua opinião) acabou. Uma vida se perdeu. Uma vida repleta de possibilidades. Uma vida que foi filho ou filha de alguém. Que pode ter tido filhos, irmãos e cônjuges. Ela pode até mesmo ter tratado bem um cachorrinho.
Tanjiro, protagonista de Demon Slayer, nos ensina a sermos humanos, decentes e caridosos. Odeie o pecado, não o pecador. Seja um bom vencedor. Seja respeitoso. Faça do mundo um lugar melhor. Não se torne o monstro que você combate.